sexta-feira, 1 de abril de 2016

Relevo Brasileiro




Google Imagens

Dificuldade de classificação do relevo. Causas:
  • Extensividade do território
  • Fraca atividade de pesquisa básica
  • Complexidade de padrões da forma que o relevo apresenta
  • Dificuldade de se obter uma classificação adequada
Modo simplista de classificação
  • Forma generalista
  • Relevos de altitudes modestas
  • Antigas estruturas e "velhos planaltos"
  • Planície de gênese recente 
  • Há uma dificuldade grande em se estabelecer a nível de generalização uma adequada classificação do relevo
  • Dificuldade de se estabelecer critérios coerentes de classificação
Modo complexo da realidade
  • Variedade de estrutura geológica 
  • Diferentes litologias e idades 
  • Diversidade climática atual e pretérita
  • Diversas formas de relevo 


Importante para compreender o relevo
  • Ter uma visão ampla do que ocorre a nível das estruturas que o sustentam
  • O que ocorreu no Cenozoico: processos erosivos responsáveis por sua esculturação
  • As estruturas que sustentam as formas de relevo no Brasil são em grande parte antigas, datando o pré-Cambriano.
  • As bacias sedimentares são mais recentes, geradas ao longo do Fanerozoico
Idade e gênese das formas X Idade e gênese das estruturas
  • Estrutura e litologia predominantemente antigas
  • Formas do relevo: recente (predominantemente no Cenozoico)

"Não basta entender como formaram-se as bacias sedimentares Fanerozoicas, os cinturões orogênicos do pré-Cambriano Superior e como evoluiu a Plataforma Brasileira, se, não entender-se como evoluiu o relevo durante e pós o soerguimento generalizado, porém desigual da plataforma ao longo do Cenozoico"

O relevo brasileiro passou por processos erosivos ao longo do Terciário e início do Quaternário que resultaram na atual configuração geomorfológica

Fatores da geomorfologia:

  • Imposições estruturais e tectônicas (endógenos)  
  • Ações climáticas (exógenos) 

"O relevo do país está compartimentado em formas esculpidas nas bacias sedimentares  soerguidas e coroadas por depressões marginais ou periféricas, que se interpõe a planaltos  e serras esculpidos em estruturas cristalinas ou mesmo sedimentares rígidas e antigas (maciços antigos)"


1970 - 1985: Projeto RadamBrasil (Ligado ao Ministério das Minas e Energia) - Pesquisa sistemática desenvolvida ao longo de todo  território nacional.

  • Objetivo: Possibilitar que se obtivesse de forma claramente registrada todos os eventos geomorfológicos de maior expressão areal.
  • Método: Imagens de radar
  • Mapeamento/levantamento dos  recursos naturais em todo o território nacional
  • Execução em um espaço de tempo relativamente curto
  • Reconhecimento geral dos solos, cobertura vegetal, geologia, recursos hídricos, e geomorfologia.
  • Eventos registrados parceladamente
  • Dificuldades do projeto: dificuldades iniciais de estabelecimento da metodologia adequada e dificuldade de se fazer um mapa síntese que abrangesse todo o território nacional devido às diferentes escalas feitas no mapeamento.
  • Vantagem: Conhecimento das verdadeiras dimensões dos eventos identificados; Criação da síntese do relevo de todo o território.

"Somente após ter-se uma visão geral e precisa dos eventos geomorfológicos no Brasil é que se pode chegar a uma classificação generalista que expressasse um síntese o mais fiel possível da realidade"

História das Classificações do Relevo Brasileiro


Século XIX: Primeiras classificações
  • Principais autores: Aires de Casal (1817), Humboldt e Orville Derby (1884)
  • Delgado de Carvalho (1923): Três maciços: Atlântico, Central e Nortista
    • Método das Grandes Unidades: Denominações geomorfológicas + eminentes geológicos  + denominações regionais.
    • Complexificação da classificação: Planalto Cristalino e Chapadões Centrais
  • Aroldo de Azevedo (1949): Três Planaltos: Atlântico, Meridional e Central
    • Método das Grandes Unidades: Denominações em planaltos e planícies
    • Complexificação da classificação: Serras Cristalinas, Planalto Arenítico-Basáltico, Planalto Sul Goiano, Planalto Sul Amazônico, etc.

Critério geral da classificação das unidades do relevo brasileira: Combinação geomórfica-geológica  associada às regiões

Ab'Saber - 1964 - Nova Divisão do Relevo do Brasil; Denominações geomorfológicas associadas às regionais (termos geomorfológicos, geológicos de caráter estrutural e de cronologia).

Objetivo: "Homogenizar a nomenclatura das grandes parcelas do Planalto Brasileiro"
  1. Planalto Central ou Goiano-Mato-grossense
  2. Planalto Meridional ou Gondwânico Sul Brasileiro 
  3. Planalto Nordestino ou da Borborema e chapadas circundantes
  4. Planalto do Meio Norte ou do Maranhão Piauí
  5. Planalto Oriental ou Sul-oriental ou Atlântico do Brasil de Sudeste

A ideia principal era estabelecer um tratamento das unidades de relevo sem que se recorra aos domínios morfoestruturais ou então morfoclimáticos.

Ab'Saber - 1969 - Propõe outra classificação do relevo, porém considerando os processos fomentados pelos climas atuais: Criação dos Domínios Morfoclimáticos Brasileiro.

Objetivo: Valorizar a dinâmica dos processos atuais na esculturação das formas de relevo

  • Cobertura vegetal
  • Tipo de clima
  • Modelado Predominante do Relevo

Denominações climato-botânicas
  1. Domínio dos chapadões tropicais, as duas estações recobertos por cerrados
  2. Domínio das regiões serranas tropicais úmidas ou dos mares de morros extensivamente florestados
  3. Domínio das depressões semi-áridas, pontilhadas de inselbergs, dotadas de drenagem intermitente e recoberta por caatingas extensivas
  4. Domínio dos planaltos sub-tropicais, recoberto por araucárias e pradarias de altitude
  5. Domínio das coxilhas subtropicais uruguaio-sul riograndense recoberta por pradarias mistas
  6. Domínio das terras baixas equatoriais, extensivamente florestas da amazônia brasileira
Desvantagem desta classificação: Ela trata-se de uma classificação da geomorfologia em que o clima e a cobertura vegetal no primeiro nível de tratamento e  subordinadamente definem o modelado do relevo de cada área. Com isso, são valorizados os processos morfodinâmicos  e morfoclimáticos atuais, mas perde-se a informação da macro-compartimentação e os efeitos dos paleo-climas na esculturação.

A Proposta da Nova Concepção do Relevo

As formas de relevo são resultantes de:
  • Processos endógenos
  • Processos exógenos (climas pretéritos e atuais)
  • Dificuldades de classificar todas as variáveis motoras da morfogênese
  • Fator evidente da classificação: morfoestrutura e domínios morfoclimáticos

Morfoestrutura: 
Critério de delimitação cartográfica: classificação geologia (desconsidera o modelado do relevo, que fica como secundário)

Domínios Morfoclimáticos: 
Critério de delimitação cartográfica: quadro climato-botânico (valorização do tipo climático dominante, fortemente associado ao fitogeográfico e desconsidera o modelado do relevo, que fica como secundário)

Importante!! Para se pensar sobre o relevo tem-se que levar em consideração as seguintes noções:
  • Morfoestrutura - Influência da estrutura geológica na gênese das formas
  • Morfoclimática - Tipos climáticos determinantes nos processos morfodinâmicos que operam na atualidade na esculturação das formas
  • Morfoescultura - Não correspondem exclusivamente às formas de relevo dos climas atuais, mas também incluem a influência dos climas pretéritos que deixaram na paisagem marcas de sua presença através de paleoformas e da macro-compartimentação

"Geneticamente as unidades morfoesculturais são resultantes de processos gerados por climas e paleoclimas que esculpiram formas de relevos em diferentes estruturas."


Nova Concepção da Classificação do Relevo Brasileiro
  • Fator predominante: morfoestrutural
  • Valoriza o modelado representado pelas macro-compartimentações que o relevo apresenta
Primeiro Táxon: Geomorfológico
  • Planalto
  • Planície
  • Depressão

Segundo Táxon: Tenta classificar os planaltos em função do caráter estrutural que apresentam. Assim surge os planaltos esculpidos em:
  • Bacias Sedimentares
  • Intrusões e Coberturas Residuais de Plataforma
  • Núcleos Cristalinos Arqueados
  • Cinturões Orogênicos

Terceiro Táxon: Define nominalmente cada uma das unidades morfoesculturais (planaltos, planícies e depressões)
  • Planalto da Amazônia Oriental 
  • Planalto e Chapada dos Parecis
  • Depressão Marginal Norte Amazônica
  • Planície do Rio Araguaia
  • Etc

Macro-unidades geomorfológicas (unidades morfo-esculturais)


OS PLANALTOS

Planaltos em Bacias Sedimentares
  1. Planalto da Amazônia Oriental
  2. Planalto da Amazônica Ocidental 
  3. Planaltos e Chapadas da Bacia do Parnaíba
  4. Planaltos e Chapadas da Bacia do Paraná
Planaltos em Intrusões e Coberturas Residuais de Plataforma
  1. Planaltos Residuais Norte Amazônicos
  2. Planaltos Residuais Sul Amazônicos
  3. Planaltos e Chapadas dos Parecis
Planaltos em Núcleos Cristalinos Arqueados
  1. Planalto da Borborema
  2. Planalto Sulriograndense
Planaltos em Cinturões Orogênicos
  1. Planaltos e Serras do Atlântico Leste Sudeste
  2. Planaltos e Serras Goiás-Minas
  3. Serras Residuais do Alto Paraguai

AS DEPRESSÕES
  1. Depressão Marginal Norte Amazônica
  2. Depressão Marginal Sul Amazônica
  3. Depressão do Araguaia
  4. Depressão Cuiabana
  5. Depressão do Alto Paraguai-Guaporé
  6. Depressão do Miranda
  7. Depressão Sertaneja e do São Francisco
  8. Depressão do Tocantins
  9. Depressão Periférica da Borda Leste da Bacia do Paraná
  10. Depressão Periférica Riosulgrandense

AS PLANÍCIES
  1. Planície do Rio Amazonas
  2. Planície do Rio Araguaia
  3. Planície e Pantanal do Rio Guaporé
  4. Planície e Pantanal do Rio Paraguai ou Matogrossense
  5. Planície das Lagoas dos Patos-Mirim
  6. Planície e Tabuleiros Litorâneos


Síntese Descritiva das Unidades

Natureza morfogenética: Cretáceo (Terciário-Quartenário)

Compartimentação do Relevo Atual
  • Soerguimento da Plataforma Sul-Americana ao longo do Cenozoico (epirogênese pós-cretácea)
  • Processos erosivos de caráter circundenudacionais que ocorreram principalmente a partir do Terciário Superior ao Quartenário Inferior (Neogeno).
Obs: O soerguimento da Plataforma não se deu de forma igual, nem mesma a sua velocidade.
Obs: Os processos erosivos (epirogênese e os diversos climas) não tiveram o mesmo vigor ao longo do espaço e do tempo 
  • Menor ou maior atuação tectônica
  • Diferentes graus da resistência das litologias
  • Diversos arranjos de estrutura
  • Maior ou menos agressividade dos climas 
  • Ora mais secos (áridos e semi-arídos), ora úmidos, ou semi-úmidos com várias alternâncias  ao longo do Terciário Superior e Quaternário Inferior (Neogeno)
  • Esculturação de diversos modelados 
  • Diferentes tratamentos classificatórios face à escala de abordagem e a metodologia de apoio




AS UNIDADES DE PLANALTO
Categorias:
  1. Bacias Sedimentares
  2. Intrusões e Coberturas Residuais de Plataforma
  3. Núcleos Cristalinos e Arqueados 
  4. Cinturões Orogênicos

Característica: Formas Residuais
  • Tais planaltos estão circundados por extensas áreas de depressões relativas e que por conseguinte põem em ressalto os relevos mais altos que oferecem maior dificuldade ao desgaste erosivo.

Planaltos em Bacias Sedimentares
  • São quase inteiramente circundados por depressões periféricas os marginais
  • Se apresentam no contato (planaltos-depressões) relevos escarpados com frentes de Cuestas
  • Planaltos da Bacia Amazônica (Oriental e Ocidental), Planaltos e Chapadas da Bacia da Parnaíba e Planaltos e Chapadas da Bacia do Paraná.

Planalto em Intrusões e Coberturas Residuais de Plataforma
  • Se constituem por coberturas sedimentares residuais de diversos ciclos erosivos
  • Se constituem por um pontilhado de serras e morros isolados associados à intrusões graníticas, derrames vulcânicos antigos e dobramentos modernos com ou sem metamorfismo
  • Todas as formações são datadas no pré-Cambriano inferior ao superior
  • Planalto e Chapada dos Parecis (Datação no Cretáceo)


Planaltos em Núcleos Cristalinos Arqueados
  • Encontram-se relativamente isolados e correspondem a segmentos antigos soerguidos de forma abódaba
  • Maciços antigos intensamente trabalhados por processos erosivos que se desenvolveram ao logo do Cenozoico 
  • No reverso gerou-se extensas depressões
  • Planalto da Borborema (Nordeste) e Planalto Sulriograndense (RS)
  • Cinturão Orogênico da Faixa Atlântica

Planaltos em Cinturões Orogênicos
  • Ocorrem na faixa de orogenia antiga
  • Relevos residuais sustentados por litologias diversas, quase sempre metamórficas associadas com intrusivas
  • Estão em áreas de estruturas dobradas 
  • Em função da natureza estrutural, neste planalto encontram-se inúmeras serras (atacados por processos erosivos no pré-Cretáceo, Terciário-Quaternário

AS UNIDADES DE DEPRESSÃO
  • Foram geradas por processos erosivos circundenudacionais com atuação acentuada nos contatos das bordas das bacias sedimentares com maciços antigos
  • As atividades erosivas com alternâncias entre ciclos secos e úmidos esculpiram ao longo do Terciário Superior e o Quaternário Inferior as depressões periféricas, as marginais, e as monoclinais, que aparecem circundando as bordas das bacias e se interpondo entre estas e os maciços antigos do cristalino.
  • As atividades erosivas paleoclimáticas são mais evidentes nas depressões do que nos planaltos
  • As depressões se estendem por estruturas muito diferenciadas. (pediplanação dos períodos secos e meteorização bio-química e erosão linear dos períodos úmidos

Classificação das depressões Azis Ab'Saber (1972)
  • Depressões periféricas subsequentes
  • Depressões monoclinais 
  • Depressões marginais
  • Depressões marginais com eversão
  • Depressões marginais com eversão e formação da bacias detríticas modernas

AS UNIDADES DE PLANÍCIE
  • Áreas essencialmente planas
  • Geradas por deposição de sedimentos recentes que sejam de origem marinha, lacustre ou fluvial
  • Predominam os processos agradacionais
  • Planície dos Rios Amazonas, Guaporé, Araguaia, Paraguai e a Planície das Lagoas dos Patos e Mirim e inúmeras outras planícies e tabuleiros ao longo do litoral brasileiro bem como no interior do território
  • Depósitos recentes do Quaternário, principalmente o Holoceno


Fonte de ajuda: clique aqui

Debate!

Depois de suas pesquisas, da leitura do plano de estudos e também do texto-fonte, podemos debater sobre as classificações do relevo brasileiro

Bons estudos!


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